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Constelação Sistêmica Organizacional

Dra. Michelle Coutinho de Azevedo Carvalho

A Constelação Sistêmica Organizacional nasceu, primeiramente, pelo alemão Anton Suitbert Hellinger (conhecido como Bert Hellinger), psicoterapeuta, filósofo, teólogo e pedagogo, em um Congresso na cidade de Kuftein, Áustria, em 1995, sobre Constelação Sistêmica Familiar. Embora Bert Hellinger tivesse pouca experiência com o trabalho em organizações, seus profundos insights deram um impulso neste campo.

A partir desse Congresso, veio à luz a utilização do método, das constelações familiares, também nas empresas, com a pesquisa de vários estudiosos. Dentre eles se destacam: Gunthard Weber e Mathias Varga Von-Kíbed, que trouxeram novos modelos e estímulos para o emprego dessa abordagem.

Para Jan Jacob Stam[1], “A experiência até agora com constelações em organizações tem nos ensinado que o trabalho sistêmico ajuda a obter profundos insights sobre o funcionamento das organizações e as pessoas nas organizações.”

As diferenças básicas entre Constelação Familiar e Constelação Organizacional, são que estas obedecem às leis sistêmicas de formas diferentes, ou seja, nestas o pertencimento é condicional, ou seja, a pessoa escolhe entrar para uma empresa e também escolhe sair dela. Ainda, a sua vinculação é de caráter temporário, permanece por um período de tempo, enquanto a satisfaz ou enquanto satisfaz o empregador.

De igual modo, a lei do equilíbrio na Constelação Organizacional é unicamente de troca, ou seja, o serviço prestado deve ter um valor correspondente. Em razão dessa troca, da vinculação em caráter temporário e por ser um pertencimento condicional, a sensibilidade emocional é considerada como baixa.

Portanto, diante dessas características particulares, a Constelação Sistêmica Organizacional poderá ser utilizada para definir o papel de cada um dentro da organização empresarial, assim como poderá fornecer subsídios para tomada de decisões, indícios sobre relações e estruturas, bem como, a percepção de desempenho dentro do sistema.[2]

Para Bert Hellinger[3], o sucesso empresarial depende de como as partes contribuem para o êxito:

Portanto, como um casal que se encontra de um bom modo quando ambos deixam suas famílias de origem para trás de si, dirigindo-se um ao encontro do outro, encontrando-se no meio do caminho, o empresário e seus funcionários deixam para trás de si a velha imagem de senhores e escravos, dirigindo-se um ao outro de igual para igual até se encontrarem no meio do caminho. Olham, com respeito mútuo, para a tarefa e para a importância respectiva, colocando-se ombro a ombro. Juntos olham para algo ao qual servem, cada um de sua maneira especial, pois aquilo ao qual servem só tem êxito quando cada um contribui com aquilo que lhe corresponde: um ao lado do outro e juntos, cada um dependendo do outro para o sucesso comum e mesmo assim de uma forma própria e distinta. De forma semelhante a um casal, que depois de um certo tempo se desprende um do outro e olham juntos para um terceiro, ao qual no final servem: sua criança em comum.

As relações entre pessoas dentro de uma organização vêm se tornando mais complexas ao longo do tempo, como se comportasse sendo um conjunto integrado, sendo imperiosa a sua harmonização de tensões, com a adequação da melhor maneira para a solução de controvérsias que tenham como base a “observância da vontade das partes e a humanização do processo” (Lacerda et al, 2018, p.327).[4]

A aplicação das constelações organizacionais pode ser feita através de colocação individual ou em grupo, no entanto, deve ser utilizada com a máxima de cautela e responsabilidade, pois atinge sistemas familiares isolados e expectativas diversas. Portanto, a escolha do lugar e o modo de proceder deve ser realizado com observância na relevância das mudanças e soluções.[5]

Essa escolha deve primar, como dito outrora, pela relevância, ou seja, o constelador deve ter como princípio, a importância do resultado para aquela instituição e para o grupo que compõe.

Para Bert Hellinger[6], o respeito ao destino fortalece o sucesso e o futuro:

Ficamos liberados através de um outro amor que respeita e ama como tudo tal como é e será no futuro. Sem preconceito, sem vínculo, sem passado, no aqui e agora com sucesso, cada vez mais direcionado para a frente em direção a uma plenitude crescente.

Esse outro amor é a vida pulsante, a vida que serve com criatividade, em sintonia com o amor que quer tudo da forma que vier, que quer vir com sucesso, que pode ser tornar realidade e ser realidade porque queremos servi-lo, tornando-se realmente criativo, tanto para nós como para muitos.

A constelação organizacional orienta-se pelo reconhecimento do existente, pelo respeito e consideração, pela orientação dos recursos, pela orientação para a solução, pela não intencionalidade e discrição como forma de postura e atitude daqueles que a utilizam.

[1] STAM, Jan Jacob. Manual de treinamento em constelações organizacionais. Instituto Bert Hellinger Brasil Central C&T ltda. www.institutohellinger.com.br. Disponível em: https://www.academia.edu/8031941/Manual_de_treinamento_em_constela%C3%A7%C3%B5es_organizacionais_Autor. Acesso em 07/04/2022.

[2] PEDRO, Raul. Formação em Constelação Sistêmica Organizacional: Módulo I. Centro de Mediadores – Instituto de Ensino.

[3] HELLINGER, Bert. Ordens do Sucesso: Êxito na Vida, êxito na profissão, como ambos podem ter sucesso juntos. Ed. Atman, 2011. p. 18.

[4] Pires Sant`Anna, M. & Maciel Pereira, J.A. (2020). Modelo teórico de resolução de conflitos em empresas de navegação brasileiras através da constelação organizacional sistêmica –Uma proposta. MLS Psychology Research 3 (2), 7-26. doi: 10.33000/mlspr.v3i1.484

[5] PEDRO, Raul. Formação em Constelação Sistêmica Organizacional: Módulo I. Centro de Mediadores – Instituto de Ensino.

[6] HELLINGER, Bert. Ordens do Sucesso: Êxito na Vida, êxito na profissão, como ambos podem ter sucesso juntos. Ed. Atman, 2011. p. 29.

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